domingo, 13 de outubro de 2013

Polêmica marca participação brasileira na maior feira literária do mundo

A participação do Brasil na Feira Literária de
Frankfurt, que segue até o domingo, está
sendo marcada por polêmicas e pela
mobilização dos escritores da comitiva
brasileira, que aproveitaram o evento para
fazer uma análise crítica da história brasileira,
manifestar apoio aos professores em greve no
Rio de Janeiro ou discutir a autorização prévia
para biografias.
A feira é o maior evento editorial do mundo,
e neste ano o Brasil é homenageado como
convidado de honra.
Uma das polêmicas ganhou força no primeiro
dia do evento, quarta-feira, quando o escritor
Luiz Ruffato, em seu discurso, fez uma análise
crítica da história do Brasil, dizendo, entre
outras coisas, que o país nasceu "sob a égide
do genocídio" dos índios.
Embora tenha sido muito aplaudido, o
escritor - conhecido pelo romance Eles eram
muitos cavalos - disse que chegou a ser
hostilizado por alguns brasileiros. "Eu estava
dando uma entrevista para um jornalista
alemão ontem (quarta-feira), quando dois
brasileiros passaram aqui e tentaram me
agredir fisicamente", narrou Ruffato à BBC
Brasil nesta quinta.
Os agressores chamaram o escritor de "mal
agradecido", disseram que ele "expôs o
Brasil" e deveria "deixar a Alemanha".
O escritor Laurentino Gomes (de 1808 e
1889), por sua vez, levantou a polêmica das
biografias não autorizadas, dizendo que o
Brasil, apesar de democrático, "impõe
dificuldades ou mesmo censura" ao trabalho
dos biógrafos e pode se tornar "o paraíso da
biografia chapa-branca".
Temer
E se Ruffato foi muito aplaudido, o contrário
ocorreu após o discurso do vice-presidente
Michel Temer, que declarou que o Brasil está
em uma "situação confortável", destacando a
evolução político-econômica do país.
O vice-presidente se disse um poeta nas horas
vagas e revelou que sua poesia recorda dos
seus momentos da infância em São Paulo.
A fala repercutiu mal entre os escritores
selecionados para representar o Brasil em
Frankfurt. "Nós escritores vamos sempre
preferir um poeta que faça política, a um
político que faça má poesia", disse Marcal
Aquino, que escreveu os roteiros de filmes
como "O invasor" (200X)e "O Cheiro do
Ralo" (200X).
"Quem sabe isto aqui seja um tijolo
fundamental para que alguma mudança
aconteca, chame atenção do mundo para
outras coisas e não necessariamente aquilo
que é folclórico e aquilo que já é conhecido",
disse Aquino.

Fonte: Terra Brasil

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